O gavião-real, uiraçu-verdadeiro, ou simplesmente harpia (Harpia harpyja) é uma águia de imponência e força inigualáveis com suas garras e bico enormes. Fica até difícil imaginar o quanto esse ser pode ser frágil, mas perante o avanço da fronteira agrícola e do desmatamento a situação é outra.
O RAPINANTE MAIS PODEROSO DO MUNDO!
Com seu bico robusto e suas garras que podem chegar a medir 7 cm no hálux (primeiro dedo da garra, o maior deles), o gavião-real pode caçar além de araras, mamíferos de médio porte (macacos e preguiças), e até filhotes de mamíferos grandes (filhotes de veados, por exemplo). Foi relatada até a captura de um macho de guariba, ou bugio, que pesava em torno de 6,5 kg.
GRANDE, MAS CUIDADOSA
As harpias podem medir cerca de 57 cm (macho) até 90 cm (fêmea), com uma envergadura de até até 2 metros, além dos machos pesarem quase 4,8 kg, e as fêmeas pesam, em média, 6 kg. Dessa forma, precisam de um ninho que suporte tais dimensões.
Os ninhos consistem em pilhas de galhos, que os pais recompõem e retocam a cada vez que o utiliza, geralmente a cada 2 anos. Esses ninhos se localizam nas forquilhas das árvores emergentes, ou seja, que são altas e se destacam em meio às outras.
Normalmente apenas um filhote sobrevive devido ao "cainismo" (hábito comum entre os rapinantes, onde o filhote mais forte mata o mais fraco), o filhote leva cerca de 5 meses para voar, e de 2 a 3 anos para se tornar adulto. A jovem harpia ainda continua dependente dos cuidados dos pais por um ano ou mais.
O QUE ACONTECEU COM AS HARPIAS?
Infelizmente ela sempre foi troféu cobiçado seja por índios ou caçadores. No Xingu entre as décadas de 1940 e 1950, foram observadas gaiolas onde os caciques mantinham essas aves a fim de cortar regularmente as rêmiges e retrizes (maiores penas das asas e das cauda, respectivamente). Estes prisioneiros que eram retirados do ninho ainda filhotes, são considerados a personificação do cacique e quando seu dono morre ou são mortos também ou acabam morrendo de fome. Existe a crença nas áreas rurais que a ave de garras afiadas, ataca pessoas e come crianças, o que estimulou a matança. Além disso, o avanço das áreas agrícolas e do desmatamento é outro agravante, já que a espécie precisa de grandes áreas preservadas para sobreviver e constrói o ninho nas árvores mais altas. Para salvá-la, não resta outro caminho senão o da conscientização e o da conservação.
Referências:
- BANHOS A. et al. (2015). Caçada e atropelada, não tem harpia que resista. Coluna online ((o))eco. Disponível em: <https://www.oeco.org.br/colunas/colunistas-convidados/29064-morre-a-harpia-atropelada-em-sooretama/?fbclid=IwAR0wYRZ9cG2tVjrrj_kDwr65thwu4pAWW3wCLO6nv2SOVmyOma-catWaBpU>. Acesso em 16 de maio de 2019.
- SICK, H. (2001). Ornitologia Brasileira. Ed. Nova Fronteira: Rio de Janeiro.
- RIDGELY, R.S. et al. (2015). Guia aves do Brasil: Mata Atlântica do Sudeste. Ed. Horizonte.
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